Camuflagem pictural/Camuflagem

camuflagem pictural

já não são saltimbancos.. os pés que vieram da cidade

torneias ainda no salão.. esfregado com cera inimiga

ainda golpeias o pão com amor.. mas róis a fatalidade

e a orquestra adormece ao som do teu chorar de formiga


já não se apagam luzes.. para se acenderem esperanças

tudo morre lentamente com os últimos acertos do violão

no armário.. apodrecem os vestidos encenados pela tua mão

e no peito.. os cabelos caiem um a um.. das tristes tranças

espantoso quadro.. que te leva a sonegar a obra do artista

na morte que queres.. que refuta o seu pincel de resguardo

morres na tinta.. que insinua um febril derrear cabalista

e revives nas rendas esfomeadas duma trajo frio e pardo


agora.. és madorra justificada.. em obra cortês assinada

pareces bela.. mas os olhos já não prosseguem viagem

terás existido na realidade.. ou foste bengala desejada

chove na praça da arte e eu autentifico o personagem

Fernando Oliveira

Parceria: https://picturalpoesia.blogspot.com/

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Camuflagem - Miriam Li/Braga

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