Um olho facto... o outro abstracto/Solitude

Um olho facto... outro abstracto

abri a cortina - e fiquei cega
que estava quase chumbada
apenas olhava por uma fenda
não sabia a cor do sol
mas sei quantas estrelas existem

abri a cortina e fiquei nua
da cor de terra ferrugenta
timidamente como um lobrigar
destrui o cimento de fora
por não gostar do retrato

voltei para o olho abstracto

Fernando Oliveira
https://picturalpoesia.blogspot.com/

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Solitude 

No alvor da madrugada rasgo a cortina implacável do tempo
espio o passado sem amarras
não há mais laços nas feridas caladas espinhos perdoados repousam quietos sob a pele da memória antiga 

Na aurora de um novo hoje
há encanto no meu olhar
há gorjeios gorjeando
há perfumes florescendo
amanhecendo o luar 

A distância não separa
A ausência é presença viva que abraça 
por livres e espontâneos desejos próprios 
eis-me aqui
sou existência no silêncio que me guarda 

Solitude, refúgio eleito
solidão almejada. 

Miriam Li/Braga
acrílica/lixa (50 x 40)