Eu e ela
Somos um mesmo poema vivo
respira entre a luz e a sombra que sou
Na extrema altura do céu
um encontro
luz e sombra juntas
tecidas no mesmo verso
Eu e ela
rompemos o precipício abissal da alma
trilhamos o mesmo destino
a palavra da carne e o vestigio da ausência
Juntas
Sou a luz que fere o dia
o instante onde ela respira
Ela, a sombra que me abraça
faz do meu silêncio morada
assiste meus gritos, silencia minhas quedas
consome meus segredos
Eu e ela
laços de um véu dourado que o tempo não rasga
dança antiga como o canto das estrelas
Eu, tempestade da pele
Ela, guarda o que em mim se cala
A confissão que o silêncio abriga.
Miriam Li/Braga
afresco/grafite em pó
(55 x 40)