A folha do poeta
na mesa desarrumada, o olhar branco
convida ao matrimónio com o tema
não quero magoar o espirito da árvore
olho o papel, com o conceito dobrado
a pena recusa, ou a mão não informa
rasgo o papel, não aconteceu poema
Fernando Oliveira
acrílica/papel camurça(60 x 40)
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na trajectória da corrente.. um rascunho
que interpela o depenado ancoradouro
um vestido de azul tino.. feito de humidade
e uma cabeleira que pinga.. sal de desterro
recusou ser sereia.. de flutuar no rochedo
onde deixou um salmo de espiral vestígio
agora avança no clima de cimento e cacimba
descalça e encoberta pelo dialecto que cala
o oceano.. só vê transparência.. quieta-se na crença
que a maré cheia.. resgate pelo menos o calçado
e que a boémia sereia.. o venha à noitinha buscar
que se arrependa da evasão.. e volte para o mar
Fernando Oliveira
Parceria; https://picturalpoesia.blogspot.com/
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Um outro olhar
deram-me duas letras informes
e eu cresci nos meus olhos, ataviado
um beijo dobrado
nas minhas narinas incertas
sobra-me uma das letras no lábio púnico
outra no olhar dúbio e impudico
Fernando Oliveira
Parceria: https://picturalpoesia.blogspot.com/
Desenho premiado
No XIII Salão Internacional de Artes Plásticas do Proyecto Cultural Sur -Brasil/2004 - Bento Gonçalves, RS
