J'attendes un regard/ A nudez da minha dor

J’attends un regard

Il est quelque part, dans l’empilement de pierres
mon regard !…
Je ne veux pas, m’approvisionner
dans la dérision

Sauvage, je reste ébahie à ses côtés
nous sommes deux, et aussi mes pieds
Qui attendent, d’être annexés
dans la berge, temporelle forge

Je suis un être de pierre, en formation
déjà sanguine, je trépigne devant l’option
Qui m’offre des yeux, bleus marins
et des pieds de ballerine

Je veux, un ventre de madone
et être asexué, comme les anges
Une bouche, en forme de mandrine
des seins doublés, de sucre et de sel

Je ne suis encore, qu’une perspective
Remerciant le dessin de l’architecte
Je veux être, et ne pas paraître
J’attends qu’on m’offre un regard…

Fernando Oliveira

Parceria com Poeta Fernando Oliveira
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A nudez da minha dor 

A solidão do indigente olhar que espera sou coragem rejeitada, deitada à beira da ilusão 
não mais que a ferida indulgente do sussurro traído 

Sou a dor da lágrima calma
trêmula 
acalma a febre da finda noite
transborda
sangra pedras de silêncio que me escoram 

Quero chorar...
há véus de sorrisos sobre meus olhos aflitos, recusam o pranto 

Quero cantar...
há berros calados gritantes na clausura de um gemido suave
réus, carregam ausências
fingindo inocência, escondem abismos sem céu 

Quero seguir...
há um tremor culposo rasgando a espera
o teu silêncio sofrido,  o meu, partido
fragrância querida ainda viva, em impune ausência 

Quero lembrar...
Minhas mãos já não te escrevem
vazias de calor, silenciam
sobram letras quebradas 
nos porões da lembrança deserta
entre sombras e auroras
perdem-se em cinzas e
perdoam a nudez da minha dor 

Quero seguir...
E sigo
minto cantigas para a lua passiva
afago cicatrizes nas paredes da esperanca
ainda respiram..
jaz tenro abraço, desconhecido beijo sinto.
Miriam Li/Braga

desenho/grafite em pó /eucatex (160 x 130)