mesmo luar
heis aqui.. o painel dos meus sonhos.. a praça humana
o único pavimento.. que faz inchar os meus sobrolhos
falta-lhe a arquitectura social.. de Pierre Joseph Proudhon
o homem.. é igual ao homem.. frustrado da propriedade
tem a fatia monolítica.. que não morre com a cor da pele
como um melão.. aformoseado de costelas autorizadas
governa a semente.. que o fez raiz.. o tronco que o faz pólen
tudo o prediz.. o prolóquio do louro.. flutua na terra escura
alguém descoloriu o sentido rudimentar do seu corolário
e branqueou o centro.. a praça desaba.. a cor desfaleceu
entre as medidas de arroz.. não há pepitas de opulência
apenas bocas grandes.. bocas pequenas.. na praça severa
e deus que morre de saudades.. da laical antemanhã
onde tudo.. eram rostos sobrepostos.. nas bancas noviças
um borbotar de ebúrneos e mestiças.. o mesmo luar
o homem aprendeu a segregar o homem.. na tenra idade.
Fernando Oliveira
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Afresco/grafite em pó (180 x 160)
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sem olhar.. a estátua é mutilada
sem flor.. o poema é pedregulho
sem cor.. a tela é esboço mirrado
na face do amor.. a trilogia ressalta
estampa de olhar florido
que o poema canta na tela
o resplandecente divisar
Fernando Oliveira
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