cascas de ruína
somos feitos de carne e osso
com algum acreditar de alma
que se gasta no capricho da morte
quem se gasta.. a alma ou o tórax…
os dois adoptam o inexorável
como cegos de agonia branca
que procuram o escuro para ver
fica o envelope de pele nomeada
e um fluxo de aforismos que se escoam
de uma lápide vedada
onde jaze o corpo.. egoísta de alma
Fernando Oliveira
grafite em pó/eucatex (70x60)
Parceria:
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Conatural preceito
ela.. e a mesma.. num frontão de janela
os véus cobrem a gémina inefabilidade
um jogo de quereres para cada metade
mel doirado.. num púcaro de canela
como duas parteiras.. irmanadas
uma namora.. a outra aspira a corte
nos pés.. juntas.. de carão consorte
um autismo.. de faces concordadas
vivem irmãs.. mas terão uma só morte
no anfiteatro.. uma nesga de fractura
aparece como um subliminal recorte
apenas um engatinhar de tortura
que não encontra.. firme suporte
no harmónico enredo de ternura
Fernando Oliveira
Parceria: https://picturalpoesia.blogspot.com/
afresco/grafite
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evasão
esgueirados dos lábios
os risos cozeram a boca
de dentes que mordem a língua
num anfiteatro mudo
então que olhos arguidos
censuram a deserção
Fernando Oliveira
Parceria:
acrilica/carpete (155 x 88)
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cidade entaipada, um rosto branco etéreo
pedia à cortina, indulgência e, aragem
à rua tímida, com tanques de incompreensão
tanta sede interna, tanto medo do vitupério
tanta beleza revogada pela barragem
tanto desejo, naquele silencioso coração
Fernando Oliveira
Parceria:
acrilica/grafite em pó/eucatex
(70 x 50)