A face oculta
A lembrança incerta pausa, desfaz a face
o instante escorre pelas frestas da memória
O rosto que me rodeia, emudece
trêmulo, se deixa ver
mas o olhar sem laços, não encontra morada
O ontem reaparece indefeso a cada manhã
a ausência permanece estática, presente nas minhas horas rasas
um rastro de silêncio cega o meu olhar vazio de retrato
já não sei teu rosto e não são as tuas, as mãos que me sonham
sobra a tua voz que reina em mim, além do som
O mar serenou tarde demais.
Miriam Li/Braga
Título da poesia: A face oculta
Título do quadro: Prosopagnosia
acrílica/esmalte/Eucatex (90 x 60)