No alvor da madrugada rasgo a cortina implacável do tempo
espio o passado sem amarras
não há mais laços nas feridas caladas
espinhos perdoados repousam quietos sob a pele da memória antiga
Na aurora de um novo hoje
há encanto no meu olhar
há gorjeios gorjeando
há perfumes florescendo
amanhecendo o luar
A distância não separa
A ausência é presença viva que abraça
por livres e espontâneos desejos próprios
eis-me aqui
sou existência no silêncio que me guarda
Solitude, refúgio eleito
solidão almejada.
Miriam Li/Braga
acrílica/lixa (50 x 40)