A solidão do indigente olhar que espera
sou coragem rejeitada, deitada à beira da ilusão
não mais que a ferida indulgente do sussurro traído
Sou a dor da lágrima calma
trêmula
acalma a febre da finda noite
transborda
sangra pedras de silêncio que me escoram
Quero chorar...
há véus de sorrisos sobre meus olhos
aflitos, recusam o pranto
Quero cantar...
há berros calados gritantes na clausura de um gemido suave
réus, carregam ausências
fingindo inocência, escondem abismos sem céu
Quero seguir...
há um tremor culposo rasgando a espera
o teu silêncio sofrido, o meu, partido
fragrância querida ainda viva, em impune ausência
Quero lembrar...
minhas mãos já não te escrevem
vazias de calor, silenciam
obram letras quebradas nos porões da lembrança deserta
entre sombras e auroras perdem-se em cinzas e
perdoam a nudez da minha dor
Quero seguir...
e sigo
minto cantigas para a lua passiva
afago cicatrizes nas paredes da esperança
ainda respiram..
jaz tenro abraço, desconhecido beijo sinto.
Miriam Li/Braga
desenho/grafite em pó /eucatex (160)