Ecos do instante

Ecos do instante 

Cansei de morrer, tantas vezes morri...
antes do abraço 
a um passo do encontro marcado, morri
atravessei luas pálidas, cruzei sóis viris sem chegar a lugar algum, cansei
cansei... de morrer, cansei! 

Reles destino, omisso, me deitou em mar de areia
náufraga do meu querer, ninguém me ouviu cantar... 

Ninguém! 

Na sombra de um verso sombrio da indiferença 
foge de mim a pérfida poesia 
inscrevo-te nas margens do meu olhar de espera 
até a tinta virar oceano 

E o mundo se cala 

Entre lágrimas que a terra devora
abandono as algemas da esperança às margens do silêncio latente na  madrugada vazia de calor 

No corredor do tempo, o vento despeja saudade, promessas rasgadas e uiva lâminas de desejos 

Fugitivos de gêmea solidão 

Morremos nós...  
à beira de um beijo morto
no abraço que nunca chega 

Nunca! 

Tu e eu morremos...
nos sonhos que ardem sob a pele nua
no encontro que não germina
na eternidade que se insinua 

... para nos descobrirmos vivos. 

Miriam Li/Braga
acrilica/lona (90 x 70)

https://www.instagram.com/olharesdaminhaalma/

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