Nos salões da eternidade
No abismo das madrugadas repletas de ti
respiro saudades que carregam algemas exaustas
A poesia magoada, geme entre as grades do teu silêncio
transborda em versos com voz de prisão
Sem ti
a luz recusa o esquecimento
ainda que a noite se negue amanhecer
teu sonho insiste em atravessar o meu
Quisera, sob os véus cúmplices da noite, contigo, lentamente, dançar...
Nos salões da eternidade
abandonar o mundo nos braços teus
perder a razão no orvalho fatal do teu corpo no meu
Sabem as estrelas
somos eternos no instante do nosso último olhar
Às vistas grossas da morte...
Vivo!
Prisioneira da poesia com cor de ferida em carne viva da ilusão
condenada entre o ontem e nunca mais
no silêncio tumular dos versos, ainda te sonho.
Sobraram versos
presentes nas ruínas do meu ser
despedem-se de si, ocultos na própria dor.
Miriam Li/Braga
acrilica/esmalte/grafite em pó/compensado
(70 x 50)