Rio dos sonhos


Rio dos sonhos

Quando a noite desce
meu olhar se alonga para longe... 

Um desfiladeiro de versos partidos
geme poemas em agonia
fere o silêncio que em mim habita
cala berros torrenciais à beira do grito 

Sinto
Intensa dor, muda, sem corpo
meus olhos não me obedecem, teimam 
e, antes que o meu olhar alcance o brilho das estrelas 
e o colorido das vidraças do céu 
dão rasantes pelas sarjetas 
pela miséria das calçadas nuas 

Adormeço no leito fértil do silêncio
sussurro a cantiga dos ventos
banho-me de lua cheia
mergulho nas águas sonoras 
do rio dos sonhos 

E sonho... 

O tempo se dissolve em pefumes
flutuo entre pétalas abandonadas, ainda vivas
como lembranças que respiram na memória do impossível 
meu olhar é fonte iluminada, me reencanto
amanheço derramada em poesia.
Miriam Lima 

acrilica/carpete
(100 x 90)

Resto do Post