Madrugadas vadias
Quisera ser estrela cadente
riscar céus de nuvens vivas
estremecer a noite rasgando véus
no tumulto do silêncio
airar-me na correnteza dos ventos
na extrema altura dos altos céus
Na distância e no tempo
sou longe demais, sou perto demais
sou grão de areia abraçando o mar
Nas madrugadas vadias
sou gota trêmula à espera de um olhar
meu pensamento range o meu silêncio
Iluminado pelo luar que me inventa
Tenho o olhar que grita versos
sonho o destino, olhares, a lua
E o mar
A céu aberto
nas margens poéticas do mundo
entre a dor de partir e o desejo de chegar
sou poesia em convulsão
que a lua, rendida, em mim derrama.
Miriam Li/Braga
acrílica/eucatex
90 x 60)

