Raiz que rasga o chão

Raiz que rasga o chão 

Versos em tinta versados, deslizam
beijam, devotados, a tela do meu olhar 
brotam cálices com cores de flor
cada tépala um instante vivo de mim
que se abre em claridade 

Taças tingidas, vazias de paisagem
seduzem o poema 
têm o sabor do meu olhar recluso
para um mundo repleto de nãos 

Tulipas na madrugada
não há espinhos 

Indiferentes 
aos ventos da indiferença 
resistem nas bordas amargas do inverno
explodem, serenas, das minhas mãos
em direção à luz 

Lançam raios perfumados de poesia 
atravessam a noite 
para encontrar auroras 

Feito raiz que rasga o chão
meu nome floresce 
do fundo intacto da terra fértil 
encharcada do meu pensar 

Respiro
versos nomeados
em tons de tulipas silenciosas 

Insisto em ver beleza 
no encanto pálido dos céus de Marte 
nas cicatrizes secretas que do espelho
me olham
ainda com cor de sonhar estrelas. 

Miriam Li/Braga

acrílica/madeira MDF
(75x 60) cada

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