O beijo das letras mortas

O beijo das letras mortas 

O painel murmura ausências 
fere a cor da tela do meu olhar
na paisagem que falta
desejos suspensos estremecem
cicatrizes invisíveis na pele da cor 

Indiferente à rudez da incompreensão 
olhares em pleno voo
presos ao tempo sem cor
sobrevivem silenciosos
neste mundo que açoita e cala 

Sob camadas de tinta fosca
latejam segredos da tela
recusam o poema que ruge 
a quietude da dor
rejeitam o beijo das letras mortas 

Na última fresta da cor
um rasgo de esperança 
respira no instante estático 

Versos enterrados vivos
aprenderam a respirar poesia
às portas do silêncio do fim. 

Miriam Li/Braga

acrílica/tecido lona
(1,45 x 85)

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