Orvalho de lembrança
O tempo é verso guardado
nas entrelinhas delirantes do poema
tecido no ventre da madrugada
respira perfumes amargos
encurta caminhos ao sabor das horas
finais
À beira do abismo de luz
a poesia, trêmula, suspende o pulso do mundo
beija estrelas-guia como quem escuta o silêncio do destino
Sob véus de retratos antigos
olhares fugitivos de gêmea solidão
às vésperas da eternidade
E ao findar destes versos
meu sonho se acende no cansaço das estrelas
há um orvalho de lembrança
sobre tua impune ausência
E o infinito
ensina ao destino
a amar em silêncio
na vastidão da existência.
Miriam Li/Braga
acrílica/papel camurça
60 x 40) cada.

