Homenagem póstuma; Poema para o Poeta português, Fernando Oliveira -

Um lê, o outro olha

Abre-se um portal do universo
um respiro no meu silêncio
Celebro o poeta que se faz belo na poesia confessa
demora-se em douradas letras sentimentais

Entrelaçados pela arte, tecemos a trama da realidade
com a força das palavras e a magia das pinceladas

Nossos mundos se tocam, feito laços
há um mundo consentido, tão nosso
entre teus rascunhos e meus traços
És verbo, sou imagem
no encontro entre teu verso e o meu gesto
a poesia tem olhos e a pintura, linguagem

Teu português é antigo, como pedra e mar
meu olhar, novo como chuva no papel
o rosto que me olha da tua escrita
é o mesmo que me pede cor e pista

Tua poesia é um circulo onde o tempo se dobra
minha pintura, uma janela onde o silêncio sobra
Na tua rima, há abismos e véus
na minha tela, há rostos buscando céus

Tua voz é vento que dobra o jardim
meu pincel, um pulso trêmulo de marfim
Num oceano de tinta e palavras pulsam versos com cor de sonhar
sufocam o queixume do falso abandono poético pictural
Um adeus que nunca foi dito

Os dois, somos poetas e pintores,
O teu silêncio escreve, o meu retrata
Um lê, o outro olha.

Miriam Li
https://www.instagram.com/olharesdaminhaalma/




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