Páginas de silêncio

Páginas de silêncio

A pupila do tempo me encara, exposta
desvendo meu retrato nas fendas sutis de rostos frágeis
bordo a dor com cor de perdão, quase sem fala 

A luz do fim de tarde me parte e reparte
mostro-me em fases, sou lua na rua
ferida, me escondo feito miragem nua

O silêncio também é arte, daquelas que não se pendura
arte que me escapava como segredo

Perdura no papel destinado, um ateliê de palavras, não um grito
pendurado no mundo, o que era entre nós dois
No caminho, uma ponte desfiada sobre o verniz escorregadio da dúvida

Meus olhos já não choram, quando as luzes se apagam
estou onde meu pensamento adormece
páginas e páginas de silêncio repleto de mim, sem eco, vazias de fim...
Miriam Li
afreco/ grafite em pó (1,40 x 85)


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