Camuflagem
Pareço bela, mas meus olhos já não sorriem
não prosseguem a travessia, não sou
sou folha de outono, à beira da paixão
Roo a fatalidade do destino
tenho a alma dilacerada em cor
cada traço uma ausência
cada dor um desejo abatido
Perdida no corredor das lembranças
me rendo às tintas
e as mãos que sabiam meu ser
hoje não sabem onde pousar
Um tremor sem calor atravessa
o poema sem rima que escorre de mim
A noite me toma
me entrego
revivo nas rendas do meu vestido cor mel.
Miriam Li/Braga
Acrílica, esmalte/eucatex
(90 x 60)