Transitando silêncios, sem passos, penso
nada há além do hábito que habito, inválido
resfria a antiga pele sensível sob o lenço
Desapareço
indiferente... quieta, atravesso o tempo
Negro sol golpeia a poesia, pálido
sombreia a espera... morena luz fria
lentos versos requebram ao relento
Finjo não ler o último recado da nova lua
insinua um poema, serena mentira balbucia, nua
sacrifica segredos, prateia promessas, brinda à folia
Exijo perfumes, ajoelho... arremesso a tiara
Insuficiente vontade irriga o meu olhar
entorpece a menina, escorre... atiça a taça vazia
tinjo a lanterna... inspiro o espelho, absolvo a intriga
Estremeço
rasgo a vidraça... inquieta, clara noite eterna me espera.
Repenso.
Miriam Li/Braga
grafite em pó/verniz/eucatex