O silêncio dos invisíveis
Um fio de poesia brota
entre lembranças que golpeiam a carne
e desejos que sangram sem consolo
sustenta berros calados que corroem
e denuncia a inexistência de existir
Ferida aberta de não ser...
Um sussurro de lamentos vedados
coberto com véus do esquecimento bordados de ais
escorre no eco do instante vazio
brutal suspiro, rasgado em restos de nãos
Do silêncio
nasce a eternidade das juras de amor
não há morte para quem sangra em poesia
O silêncio dos invisíveis...
Incenso da dor e da esperança
promessa de versos tingidos de poesia
que grita com voz que o mundo recusa ouvir
Invisível como a dor da lágrima calma
oculta em páginas e páginas de silêncio
tecidas em letras viscerais, universais
onde a dor se faz verbo, a poesia, destino
Guardião de berros que repousam, como pedra, na indiferença
e o mundo pisa a passos largos e finge não olhar.
Míriam Li/Braga
acrilica/papel camurça (60 x 40)