Colar de lágrimas
O poema chora no colo da aparência
carrega na altivez de pedra
um colar de lágrimas
nascido do ventre ferido
Polido de ímpar solidão, antiga vitrine
eterno véu, esconde mares em fúria
berros submersos em mim
que não alcançaram a maré
Acalmado o furor
sou apenas renda de ausências
que se rasga na luz
Meu olhar naufraga
no espelho do anfiteatro do mundo
meus desejos, lapidados em vaidade
são poesias que não vivi
Sou moldura de silêncio emocionado
sorrio com o rosto
desfaço-me com o olhar de maresia
E o sorriso
É só o resto do rosto
que ainda sabe fingir.
Miriam Li/Braga
acriica/papel camurça
(60 x 40)