Se me queres
teus olhos me dizem o quanto te importo
rompem a cortina do meu silêncio
Clamam
como se soubessem do desejo
que o meu corpo ainda cala
Se me queres, fico contigo
meu abraço ainda é promessa
aguardando o instante de ser beijo
Sou o que te percorre quando te vejo
o que em ti me reconhece
Teus olhos me olham
na vertigem do meu olhar
onde o corpo se dissolve em febre
Tuas pupilas crescem nas minhas
como se o céu coubesse num instante
trêmulo de nós dois
O amor simplesmente acontece
se divide para ser inteiro
Dois corpos que se pressentem antes do gesto
Se olham
no rumor do leito real dos sonhos
e, nos lençol de silêncio que espera
fazem da distância suspiros da pele
Somos versos do mesmo poema
Trêmulo
grita na carne do destino fiel
com letras de céu da tua boca
Se me queres
esqueço o aceno final
o adeus preso no teu olhar de partida
Miriam Li/Braga
acrilica/eucatex.